Uma relação narcisista, ou seja, estruturada na dinâmica do qual um dos parceiros seja um narcisista patológico, pode ser um terreno complicado e emocionalmente exaustivo. Essa relação, muitas vezes, começa como um conto de fadas, mas com o tempo, transforma-se em uma montanha-russa emocional cheia de manipulação, controle e desvalorização. Muitas vezes, as vítimas não percebem de imediato que estão envolvidas em uma relação narcisista, pois o comportamento do parceiro pode ser bastante sedutor no início.
Neste artigo, vamos explorar 27 sinais de uma relação narcisista, ajudando a identificar padrões comuns que podem indicar uma dinâmica abusiva.
Nosso objetivo é fornecer clareza para quem está nessa situação e incentivá-las a buscar ajuda, especialmente por meio da psicanálise, uma ferramenta poderosa para compreender essas dinâmicas e promover a libertação emocional.
Freud, em seu texto “Introdução ao Narcisismo” (1914), destaca que o narcisista é alguém que mantém uma relação patológica com sua própria imagem, o que se reflete em sua incapacidade de verdadeiramente se conectar emocionalmente com os outros.
Veremos como isso se manifesta nos relacionamentos abusivos. Além disso, teóricas como Judith Butler ampliaram esse debate, argumentando que as normas de poder e dominação, muitas vezes associadas à masculinidade, reforçam essas dinâmicas de controle.
Resumo desta postagem:
1. O início é um conto de fadas
No começo, estar em uma relação narcisista parece ser o sonho de qualquer pessoa. Ele é atencioso, sedutor, e faz com que você se sinta a pessoa mais importante do mundo. É como se finalmente tivesse encontrado a pessoa perfeita. Porém, essa fase “mágica” não dura muito tempo. Aos poucos, o comportamento idealizado começa a mostrar fissuras, e você percebe que algo não está certo.
Freud já sugeria que o narcisista frequentemente busca no outro uma validação para a própria imagem. Ele idealiza o parceiro para que, através dessa idealização, possa também inflar o próprio ego.
Relato de caso de uma relação narcisista:
Imagine Júlia, que se apaixonou por Marcos após ele passar semanas a cortejando com jantares românticos e declarações de amor. Ela acreditava ter encontrado o homem dos sonhos, mas, em poucos meses, começou a perceber que as atitudes de carinho eram sempre seguidas de críticas sutis, até que ela já não sabia mais se a culpa era dele ou dela. Esse é o início típico de uma relação narcisista: a idealização seguida de uma desvalorização gradual.
2. Eles fazem você se sentir especial, mas com condições
Enquanto ele faz você se sentir especial, isso vem com um preço: sua validação é condicional. Você começa a perceber que essa sensação de ser amada está diretamente ligada à sua capacidade de cumprir certas expectativas.
O narcisista patológico cria a ilusão de que você é única, mas com uma condição clara: você precisa se moldar às expectativas dele. A relação narcisista sempre tem um preço emocional, e você só percebe isso quando começa a sentir que precisa “merecer” o amor que ele oferece. O problema é que, não importa o quanto você se esforce, essas expectativas mudam constantemente, deixando você insegura e ansiosa.
Relato de caso de uma relação narcisista:
Maria, por exemplo, foi elogiada por meses pelo namorado, que a fazia se sentir uma rainha. No entanto, logo percebeu que esses elogios vinham com uma cobrança implícita: ela precisava se comportar de determinada maneira para continuar recebendo essa validação. Quando Maria decidiu colocar seus próprios desejos e sentimentos em primeiro plano, ele começou a criticá-la por “não ser mais a mesma”. Essa dinâmica é comum em uma relação narcisista, onde a validação depende sempre da sua submissão às regras não ditas do parceiro.
3. O ciclo de idealização e desvalorização
Após o período de encantamento, o narcisista começa a desvalorizá-la. Alterna momentos de extremo carinho com outros de frieza, gerando em você um estado constante de alerta, tentando “voltar” ao momento inicial do relacionamento.
Este ciclo se refere ao conceito freudiano de “retração da libido”, onde o narcisista direciona sua energia libidinal para si mesmo quando o outro não cumpre suas expectativas.
Em uma relação narcisista, você experimenta um ciclo constante de idealização e desvalorização. O parceiro narcisista alterna momentos de carinho extremo com outros de frieza e indiferença. Essa montanha-russa emocional te mantém sempre buscando o retorno aos momentos de afeto, sem perceber que essa alternância é uma forma de controle.
Relato de caso de uma relação narcisista:
Imagine Laura, que em um dia recebia flores e declarações apaixonadas, e no outro era ignorada ou criticada por coisas pequenas. Ela nunca sabia o que esperar de seu parceiro, o que a fazia se esforçar cada vez mais para agradá-lo. A relação narcisista cria essa dinâmica de incerteza, fazendo com que a pessoa tente, desesperadamente, voltar à fase de idealização.
4. Controle sobre suas emoções
O narcisista não controla apenas as suas ações, mas também as suas emoções. Em uma relação narcisista, você passa a duvidar dos seus próprios sentimentos. Ele te convence de que suas reações são exageradas ou irracionais, fazendo com que você suprime suas emoções para evitar conflitos. Com o tempo, você perde a capacidade de confiar em si mesma.
Relato de caso de uma relação narcisista:
Raquel costumava expressar suas emoções livremente no início do relacionamento, mas, com o passar do tempo, o namorado começou a dizer que ela era “sensível demais” ou “sempre criava dramas”. Aos poucos, Raquel foi silenciando suas preocupações, reprimindo seus sentimentos e acreditando que estava sendo irracional. Esse é um mecanismo comum em uma relação narcisista, onde o parceiro utiliza o controle emocional para manipular e enfraquecer o outro.
5. Críticas constantes disfarçadas de “ajuda”
O narcisista faz críticas disfarçadas de conselhos. Ele sempre sabe o que é melhor para você, ou ao menos te convence disso. Aos poucos, essas críticas vão corroendo sua autoestima, tornando-se mais difíceis de detectar, porque elas parecem “boas intenções”.
Uma característica marcante de uma relação narcisista é a forma como o narcisista critica disfarçadamente, sob o pretexto de estar “ajudando”. As críticas começam sutis, disfarçadas de sugestões “bem-intencionadas”, mas, aos poucos, corroem sua autoconfiança. Ele faz você acreditar que as críticas são para o seu bem, quando, na verdade, estão ali para controlar e minar sua autoestima.
Relato de caso de uma relação narcisista:
Vanessa ouvia do parceiro que ele estava “apenas tentando ajudá-la” quando criticava sua aparência ou o jeito como falava em público. Ele sempre afirmava que era “para o bem dela”, mas ela começou a sentir que, quanto mais aceitava essas “sugestões”, mais perdia sua essência. Em uma relação narcisista, essas críticas são disfarçadas de cuidado, mas são, na verdade, uma estratégia de desvalorização.
6. Falta de empatia
Uma das marcas mais evidentes de uma personalidade narcisista patológica é a falta de empatia. Ele não consegue se colocar no seu lugar ou entender suas emoções genuinamente. O outro, para ele, é apenas uma extensão do seu próprio ego.
A ausência de empatia é um dos sinais mais claros de que você está em uma relação narcisista. O narcisista é incapaz de realmente se colocar no seu lugar ou reconhecer a profundidade dos seus sentimentos. Ele finge se importar, mas suas ações mostram que ele só está preocupado consigo mesmo. Isso faz com que você se sinta sozinha e emocionalmente desamparada, mesmo estando em um relacionamento.
Relato de caso de uma relação narcisista:
Clara percebeu que, toda vez que ela tentava expressar uma preocupação ou um problema pessoal, o namorado mudava o foco da conversa para ele mesmo. Se ela estava triste, ele estava “mais triste”. Se ela estava cansada, ele estava “mais exausto”. Em uma relação narcisista, a falta de empatia do parceiro é um dos fatores que mais contribuem para a sensação de solidão e isolamento.
7. Suas conquistas nunca são celebradas
Ao contrário do que se espera em um relacionamento saudável, suas conquistas são ignoradas ou diminuídas. Se algo de bom acontece com você, o narcisista desvia o foco ou até demonstra inveja. Você não pode apagar o brilho deste patológico interessado por si. Enquanto estiver nessa relação narcisista, estará sempre sem espaço para até para comemorar suas próprias conquistas.
Relato de caso de uma relação narcisista:
Fernanda foi promovida no trabalho, mas quando contou ao parceiro, esperava um abraço e uma comemoração. Em vez disso, ele disse algo como “Isso nem é tão importante assim” ou “Outras pessoas já fizeram isso antes”. O que poderia ter sido um momento de felicidade se transformou em frustração e dúvida. Essa é uma das estratégias de manipulação emocional mais comuns em uma relação narcisista: desvalorizar as conquistas do outro para manter o controle sobre a dinâmica do relacionamento.
8. Gaslighting
O termo gaslighting refere-se a uma forma de manipulação onde o narcisista faz com que você duvide da sua própria realidade. Ele nega eventos que claramente ocorreram, distorce palavras e, aos poucos, faz com que você questione sua sanidade.
Em uma relação narcisista, suas conquistas nunca são realmente celebradas. Quando você alcança algo importante, o narcisista ignora ou minimiza, porque não consegue suportar que você brilhe mais do que ele. Ele pode até sentir inveja de suas realizações e, em vez de te apoiar, faz comentários que diminuem seu sucesso.
Relato de caso de uma relação narcisista:
Fernanda foi promovida no trabalho, mas quando contou ao parceiro, esperava um abraço e uma comemoração. Em vez disso, ele disse algo como “Isso nem é tão importante assim” ou “Outras pessoas já fizeram isso antes”. O que poderia ter sido um momento de felicidade se transformou em frustração e dúvida. Essa é uma das estratégias de manipulação emocional mais comuns em uma relação narcisista: desvalorizar as conquistas do outro para manter o controle sobre a dinâmica do relacionamento.
9. Isolamento
Gradualmente, o narcisista te afasta de amigos e familiares, pessoas que poderiam te oferecer apoio e te ajudar a perceber os abusos. Ele faz com que você acredite que ninguém mais te entende tão bem quanto ele, e que essas outras relações são prejudiciais ao relacionamento de vocês. O isolamento é uma tática deliberada para manter o controle completo sobre você.
Relato de caso de uma relação narcisista:
Cíntia costumava sair frequentemente com suas amigas e manter contato com a família, mas, após meses em uma relação narcisista, percebeu que estava cada vez mais isolada. O namorado sempre dava desculpas para ela não ver as amigas, insinuando que elas “não eram boas influências” ou que estavam “invejosas”. Esse isolamento a deixou ainda mais dependente dele e mais vulnerável aos abusos emocionais.
10. Desprezo pelos seus sentimentos
Em uma relação narcisista, o desprezo pelos sentimentos do parceiro é constante. Quando você tenta expressar suas emoções ou preocupações, ele ignora ou, pior, ridiculariza o que você sente. Aos poucos, você começa a acreditar que seus sentimentos são exagerados ou inválidos. Esse desrespeito contínuo gera uma desconexão emocional, deixando você se sentindo sozinha, mesmo estando ao lado dele.
Relato de caso de uma relação narcisista:
Por exemplo, Ana sentia que seu parceiro nunca levava a sério suas angústias. Quando ela falava sobre suas preocupações com o futuro ou sobre algo que a incomodava no dia a dia, ele sempre minimizava, dizendo “você está exagerando” ou “não é tão importante assim”. O desprezo pelos sentimentos dela foi criando um muro invisível no relacionamento, até o ponto em que ela se perguntava se ainda havia espaço para suas emoções naquela relação narcisista.
11. Comparações constantes com outras pessoas
Uma relação narcisista frequentemente envolve comparações destrutivas. O narcisista te compara com outras pessoas, como ex-parceiros, amigos ou até celebridades, insinuando que você nunca será boa o suficiente. Esse comportamento gera uma constante sensação de inadequação e insegurança, onde você sente que precisa sempre se esforçar mais para agradá-lo, mesmo sabendo que essas comparações são injustas.
Relato de caso de uma relação narcisista:
Camila, por exemplo, notou que seu parceiro sempre elogiava outras mulheres, destacando características que ela não tinha. Ele dizia coisas como “Ela é tão segura de si, diferente de você” ou “Ela se veste melhor, você poderia tentar ser mais assim”. Essas comparações constantes minaram a confiança de Camila, fazendo com que ela se sentisse inferior e inadequada dentro da relação narcisista.
12. Joguinhos emocionais
Em uma relação narcisista, o narcisista adora jogar com suas emoções. Ele cria situações de caos emocional deliberadamente para te deixar confusa e insegura. Esses joguinhos emocionais podem ser mudanças repentinas de humor, promessas que ele não cumpre, ou atitudes contraditórias que deixam você se perguntando o que realmente está acontecendo. Esse tipo de manipulação é uma forma de controle, onde ele se alimenta da sua instabilidade emocional.
Relato de caso de uma relação narcisista:
Carla estava sempre confusa sobre os sentimentos de seu parceiro. Um dia ele a tratava com carinho e prometia uma vida juntos, e no outro, se distanciava completamente, fingindo que ela estava exigindo demais. Esses joguinhos emocionais a deixavam exausta, sem saber se o relacionamento tinha futuro ou se ela estava sendo manipulada o tempo todo. Na relação narcisista, o caos emocional é uma ferramenta para manter o controle sobre a vítima.
13. Comportamento imprevisível
O comportamento imprevisível do narcisista é uma das formas mais eficazes de manter você emocionalmente dependente. Em um momento, ele é atencioso e carinhoso, e no outro, é frio e distante. Essa imprevisibilidade faz com que você esteja sempre em alerta, sem saber qual versão dele vai encontrar. Esse tipo de relação narcisista cria um ciclo de ansiedade e medo, onde você tenta controlar a situação para evitar os momentos de frieza, mas nunca consegue.
Relato de caso de uma relação narcisista:
Juliana vivia numa montanha-russa emocional. Um dia, seu parceiro a surpreendia com presentes e gestos românticos, mas no dia seguinte, ele se tornava distante e rude, sem qualquer explicação. Esse comportamento imprevisível a deixava emocionalmente exausta, tentando sempre se antecipar às mudanças de humor dele, na esperança de evitar o próximo “desaparecimento” emocional. O padrão de uma relação narcisista é justamente esse: manter a outra pessoa em constante estado de alerta.
14. Invasão de privacidade
Em uma relação narcisista, o parceiro frequentemente invade sua privacidade, monitorando seu comportamento, mensagens e até suas interações com amigos e familiares. Ele faz isso sob o pretexto de “preocupação”, mas na verdade, é uma maneira de exercer controle sobre você. Ao invadir sua privacidade, o narcisista reforça a ideia de que você não tem autonomia e que ele precisa estar no controle de todas as suas escolhas.
Relato de caso de uma relação narcisista:
Marina começou a perceber que seu namorado estava constantemente checando seu celular, questionando suas conversas com amigos e até interferindo em suas redes sociais. Ele justificava dizendo que era “por amor” e que queria proteger o relacionamento. No entanto, essa invasão de privacidade se tornou cada vez mais sufocante, até que Marina se sentiu totalmente controlada e sem espaço para ser ela mesma. Em uma relação narcisista, o controle é disfarçado de “preocupação”.
15. Ciúmes excessivos
O ciúme em uma relação narcisista não se limita a outras pessoas. O narcisista pode sentir ciúme do seu trabalho, de suas amizades, e até dos seus hobbies. Qualquer coisa que tire a atenção dele é vista como uma ameaça, e ele começa a controlar cada vez mais suas interações e atividades. O ciúme excessivo gera um ambiente de desconfiança constante, onde você sente que precisa justificar cada passo que dá.
Relato de caso de uma relação narcisista:
Fernanda sempre adorou seu trabalho, mas logo que começou a namorar Lucas, percebeu que ele sentia ciúme das horas que ela passava no escritório. Ele dizia que “era injusto” ela dar tanta atenção ao trabalho e tão pouca a ele. O ciúme foi se estendendo para as amigas, os hobbies, até o ponto em que Fernanda se isolou de tudo que gostava. Em uma relação narcisista, o ciúme vai muito além do medo de traição — é uma forma de manter o parceiro emocionalmente preso.
16. Você sempre sente que está em dívida
Você sempre sente que deve algo a ele. Mesmo as coisas boas que ele faz vêm com uma cobrança emocional futura, criando um ciclo de dívida emocional difícil de quebrar.
Essa relação sobre uma impressão de dívida está associada a sua forma de encarar a insuficiência diante a demanda emocional do outro. Se o narcisista percebe que você tem essa característica, ou seja, dedicar-se a suprir a necessidade emocional, ele irá explorar isso.
Melanie Klein, no artigo “Amor, culpa e reparação”, demonstra que o aspecto de culpa leva à reparação. No entanto, se a pessoa não consegue entender essa premissa por entregar-se a um instinto existencial associado a sua visão empática, faz a reparação ser uma angústia.
O abusador sabe como explorar essas questões e lhe capturar pela sensação de se sentir em dívida.
17. Desvalorização do seu trabalho ou esforço
O narcisista raramente valoriza seu trabalho ou esforço. Suas conquistas são minimizadas, e ele tenta fazer com que você acredite que seu trabalho não tem valor.
Em uma relação narcisista, seus esforços e trabalho nunca parecem ser suficientes. O narcisista constantemente desvaloriza o que você faz, minimizando suas conquistas ou insinuando que você poderia ter feito mais. Esse comportamento enfraquece sua autoconfiança e faz com que você duvide de suas próprias capacidades. Não importa o quanto você se esforce, ele sempre encontra uma maneira de diminuir o seu valor.
Relato de caso de uma relação narcisista:
Gabriela estava orgulhosa de seu trabalho como professora, mas seu parceiro frequentemente criticava sua escolha de carreira, dizendo que ela poderia “fazer algo mais importante” ou que “qualquer um pode ser professor”. Essa desvalorização constante a fazia questionar sua própria vocação, apesar de saber o quanto amava seu trabalho. Em uma relação narcisista, a desvalorização do que você faz é uma forma de controle, pois diminui sua autoestima e te mantém emocionalmente dependente.
18. Desgaste emocional constante
O relacionamento com um narcisista patológico traz um desgaste emocional constante. A cada nova discussão, você se sente mais drenada e sem energia. É como se nunca houvesse uma trégua nos conflitos criados, muitas vezes, sem razão aparente. Esse ciclo interminável leva à exaustão e, em alguns casos, pode até contribuir para o desenvolvimento de ansiedade e depressão.
O desgaste emocional é uma consequência inevitável de estar em uma relação narcisista. A montanha-russa de emoções, as manipulações e as críticas constantes acabam te esgotando completamente. Você sente que está sempre em alerta, esperando a próxima mudança de humor ou a próxima briga, o que gera um cansaço mental e físico profundo. Esse desgaste contínuo faz com que você se sinta sem energia para reagir ou até mesmo buscar ajuda.
Relato de caso de uma relação narcisista:
Fernanda se sentia exausta o tempo todo. Mesmo quando não havia brigas, ela vivia com medo de que algo pudesse acontecer a qualquer momento. O constante esforço de tentar agradar e evitar conflitos a deixava emocionalmente drenada. Em uma relação narcisista, esse desgaste é planejado: quanto mais esgotada você está, menos força tem para sair da relação.
19. Promessas não cumpridas
O narcisista faz muitas promessas, mas raramente as cumpre. Ele diz que vai mudar, que as coisas vão melhorar, mas suas palavras nunca se materializam em ações. Isso te mantém presa à esperança de que um dia o relacionamento voltará a ser como era no início, mas essa mudança nunca vem.
20. Imposição de culpa
O narcisista tem uma habilidade especial em fazer com que você se sinta culpada por praticamente qualquer coisa que aconteça no relacionamento. Mesmo que ele seja o responsável por uma discussão ou problema, ele vai inverter a situação de forma que você se sinta a causadora. Esse mecanismo de inversão de culpa é um dos mais prejudiciais à autoestima da vítima.
21. Vitimização
Outro comportamento típico do narcisista é se colocar como vítima. Ele distorce os fatos para parecer que está sofrendo mais que você, e faz isso de forma tão convincente que você acaba sentindo pena dele. Ao assumir o papel de vítima, ele evita a responsabilidade por suas próprias ações e manipula sua empatia para mantê-la presa à relação.
22. Insegurança sobre suas capacidades
Ao longo do relacionamento, o narcisista faz com que você comece a duvidar de suas capacidades, inteligência e até de sua atratividade. Isso faz com que você se sinta cada vez mais dependente dele, já que sua confiança está sendo gradualmente destruída. A insegurança que ele provoca impede que você veja a possibilidade de sair da relação.
23. Você sente que nunca é suficiente
Independentemente de quanto você se esforce para agradá-lo ou atender às suas expectativas, você sempre se sente insuficiente. O narcisista constantemente estabelece padrões inalcançáveis, e quando você falha em atendê-los, ele te desvaloriza ainda mais. Esse ciclo de tentar agradar sem sucesso pode ser devastador para sua autoestima.
24. Manipulação financeira
Em muitos casos, o narcisista também exerce controle financeiro sobre a vítima. Ele pode tentar restringir seu acesso a dinheiro, criar uma dependência financeira ou usar recursos financeiros como forma de manipulação. O controle financeiro é uma maneira de te manter presa e dependente, tornando a saída da relação ainda mais difícil.
25. Ele se recusa a reconhecer suas falhas
O narcisista raramente, ou nunca, admite estar errado. Ele se recusa a reconhecer suas próprias falhas e, em vez disso, coloca a culpa nas circunstâncias, em outras pessoas ou até mesmo em você. Para o narcisista, admitir erro é um golpe mortal para sua autoimagem, algo que ele não pode suportar.
Freud, em sua análise do narcisismo (1914), descreve esse traço de recusa à falha como uma tentativa do ego narcisista de manter-se protegido de qualquer tipo de crítica ou depreciação, mesmo que isso signifique distorcer a realidade. A imagem de perfeição que o narcisista constrói de si mesmo não admite falhas, e ele projeta suas imperfeições no outro.
26. Ele adora o conflito
O narcisista patológico frequentemente provoca conflitos e discórdias. Ele parece prosperar em meio ao caos, utilizando essas situações para manter você emocionalmente instável e dependente dele. Os conflitos são uma forma de manipulação, pois durante as brigas, ele pode fazer uso de suas fraquezas e medos, controlando suas emoções.
27. Você não se reconhece mais
Ao longo do relacionamento, você começa a perceber que não é mais a mesma pessoa que era antes de se envolver com o narcisista. Sua confiança, independência e até mesmo sua alegria de viver são gradualmente corroídas. Você se torna uma sombra de quem era, muitas vezes sem perceber o quão profundamente foi afetada. Judith Butler, em seus trabalhos sobre subjetividade e poder, destaca como relações de poder estruturam o indivíduo, e o narcisista usa essa dinâmica para “moldar” o parceiro a partir de suas próprias necessidades e desejos, apagando o sujeito autêntico no processo.
Conclusão: Como a Psicanálise Pode Ajudar
Reconhecer os sinais de uma relação narcisista é o primeiro passo para recuperar sua autonomia emocional e sair de uma dinâmica abusiva. A psicanálise oferece um espaço de reflexão e autoconhecimento profundo, permitindo que você compreenda não apenas o comportamento do narcisista, mas também as razões pelas quais você se envolveu em um relacionamento assim.
Muitas pessoas acabam percebendo um estado deprimido muito forte após o término da relação narcisista. Nesta perspectiva, uma abordagem terapêutica tão sólida como a psicanálise pode ser essencial em sua recuperação. A depressão não pode ser um estado natural e a terapia pode ser uma opção extremamente coerente.
Será que uma sessão de psicanálise pode ser suficiente? Evidente que não pois o tratamento terapêutico é um processo de construção. A interação entre paciente e psicanalista deve ser elaborado, tal como a própria experiência terapêutica.
Freud, ao introduzir o conceito de narcisismo, nos deu ferramentas para entender a maneira como o narcisista constrói sua identidade e interage com o mundo. A psicanálise possibilita o desvendamento dessas dinâmicas, oferecendo uma saída para a vítima. Judith Butler, por sua vez, nos alerta sobre como o poder e o controle estruturam relações interpessoais, e como essas normas podem ser desconstruídas.
Se você se identificou com os sinais descritos aqui, saiba que não está sozinha. A terapia psicanalítica pode ser o primeiro passo para reconectar-se consigo mesma e recuperar sua autonomia emocional.
Quem é Rafael Cardoso – psicanalista
Rafael Cardoso é um psicanalista que atua com uma abordagem contemporânea, pós-freudiana, estabelecida num processo analítico empático para questões emocionais e conflitos familiares.
Inclusive, isso, lhe proporciona experiência significativa no acolhimento de vítimas de abusos, especialmente relacionadas a narcisistas, borderlines e outras organizações de personalidade cujas interações possam ser delicadas.
Através da terapia online, Rafael atende diversas pessoas no Brasil e no mundo adequando o processo analítico à virtualidade da experiência terapêutica.
Pós-graduado pela PUCRS, Rafael traz uma visão humanizada diante as novas relações contemporâneas, líquidas e aceleradas. Possui um grande canal de conteúdo no TikTok sobre as dinâmicas abusivas em relações tóxicas.
Acesse também o seu canal no Youtube e conheça os materiais e palestras disponibilizadas em forma de lives e aulas instrumentalizando o manejo clínico e a psicanálise.
Para entrar em contato com Rafael Cardoso e conferir agenda de atendimento para sessões terapêuticas com o método da psicanálise, basta acessar este link e terá acesso ao WhattsApp.