Rafael Cardoso Psicanálise

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Dependência emocional parece ser a grande resposta para tanta dificuldade em se separar de um narcisista patológico, não é mesmo? Porém…

Existem certas questões que precisam ser compreendidas diante a premissa da existência de uma relação com um abusador narcisista patológico.

E se eu lhe dissesse que não importa muito o que o abusador seja. A relação de preocupação está no abuso como evento real e não na premissa de um diagnóstico vinculado ao outro.

Não interessa se a pessoa é narcisista, mas se existe o abuso. Isso é importante compreender.

Mesmo tendo consciência da relação narcisista, há dependência emocional como prisão

A partir disso, podemos ter outras percepções acerca da problemática apresentada nesse artigo.

Como entender o que você tem nesta relação abusiva e identificar se a sua relação é vinculada por dependência emocional?

Como criar uma estratégia para desvincular-se de uma relação tóxica e abusiva, caso a dependência emocional esteja caracterizada em você? Estas questões serão formuladas aqui no intuito de lhe dar esclarecimentos e reflexões acerca da solução.

Afinal de contas, você precisa sair de qualquer relacionamento que não seja saudável e buscar compreender o que lhe impede de se relacionar sem depender de alguém emocionalmente.

O que é dependência emocional?

Dependência emocional se refere à situação na qual uma pessoa se percebe tão profundamente ligada a outra a ponto de sentir-se incompleta ou tremendamente insegura na ausência deste outro ser.

É como se a felicidade, a segurança e, em alguns casos, até mesmo a razão de existir, estivessem condicionadas à presença ou à aprovação de alguém.

Essa crença, muitas vezes profunda e inconsciente, faz com que a pessoa acredite que depende daquela outra pessoa para sentir-se bem, equilibrada e, até mesmo, para sobreviver no mundo.

A armadilha da dependência emocional:

A dependência emocional em uma relação com um narcisista é como se afogar em um mar de contradições. De um lado, a paixão arrebatadora e a idealização do parceiro. Do outro, a desvalorização, o abuso emocional e a sensação de aprisionamento.

Entendo como esse processo é extremamente confuso. Afinal de contas, o abusador tem maestria na arte da manipulação e sabe como construir uma pesquisa prévia para compreender suas vulnerabilidades. Isso se torna fonte de ferramentação.

Uma boa hipótese para esse tipo de habilidade é compreender que a pessoa manipuladora desenvolveu ao longo de anos um laboratório prático muito eficiente em outras experiências.

Portanto, isso pode dizer a respeito dele. Mas, o que isso pode dizer a respeito de você?

A dependência emocional pode gerar sombras ou até neuroses de transferências

O que prende você?

A resposta está nas complexas engrenagens da mente humana. A psicanálise, com sua lente perspicaz, nos ajuda a desvendar os mecanismos que sustentam essa dinâmica tão dolorosa.

1. A Teia da Idealização:

Segundo Heinz Kohut, idealizamos o outro para suprir nossas carências narcísicas.

É importante entender essa expressão “carência narcísica” para associar essa relação com seu cotidiano. A expressão significa que temos todos uma necessidade narcísica, ou seja, um interesse natural e saudável por nós mesmos e que faz parte de nossa autoestima. Quando não temos esse interesse narcísico, deixamos de nos perceber para apenas jogar nossa libido na demanda emocional do outro.

Essa visão sobre a carência narcísica é provinda da visão da psicanálise, ou seja, Freud já havia percebido isso diante do ensaio “Sobre o narcisismo, uma introdução” (1914). Neste artigo, ele desenvolve a teoria da libido como um processo unificado ante todo o interesse e pulsão de vida.

No início da relação, o narcisista se encaixa perfeitamente nesse papel, espelhando uma imagem grandiosa de nós mesmos. Somos a plateia ideal para sua grandiosidade. Faz parte da nossa infância esse processo de fortalecimento do nosso traço natrual narcísico. No entanto, quem não tem esse campo liberto para desenvolver seu traço narcísico na infância, fica preso a essa necessidade.

2. A Falsa Segurança do Controle:

Em seu livro “Prisões Emocionais”, Beatriz Kupfer explica que a dependência emocional surge da busca por segurança e controle. O narcisista, com sua postura dominante e promessas de amor eterno, pode se tornar um porto seguro ilusório.

Ele pode entender sua demanda emocional no início do relacionamento e tentar dar a você a impressão de que ele é a solução para toda a sua necessidade idealizada emocional.

Com essa falsa segurança, pois ele se dedica a lhe entregar a segurança emocional de que precisa, você fica capturada nessa impressão por todo o relacionamento, mesmo compreendendo a toxidade e os abusos.

3. A Armadilha da Autoestima Fragilizada:

Nancy McWilliams, em “Psicanálise Diagnóstica”, destaca que a baixa autoestima nos torna mais propensos à dependência emocional. O narcisista, com suas críticas e desvalorizações constantes, mina nossa autoestima ainda mais, criando um ciclo vicioso de dependência.

Pessoas que têm a normalidade de se dedicar aos outros, com certeza, está abrindo mão de sua atenção por si e trazendo uma fuga de suas questões psíquicas e emocionais.

Quando você está jogando toda a sua atenção no outro, evidentemente, você demonstra que não tem a habilidade de se expressar de forma livre.

Autoestima não é um dom. É preciso aprender a exercitar a sua autoestima. A psicanálise é essa oportunidade de exercitar seu autoconhecimento, pois na sessão de terapia com a psicanálise, você tem a chance de ser o centro das atenções.

Se você não teve boas experiências na infância, tempo em que deveria ter liberdade para se expressar e desenvolver sua força narcísica sobre os outros, é evidente que você também tem dificuldade em exercer sua autoestima ao longo de sua vida.

Por isso, a terapia com a psicanálise tem toda a capacidade de dar a você essa chance de exercitar sua autoestima com acolhimento e liberdade para se expressar sem o julgamento hipócrita dos outros.

4. O Vício Emocional:

Winnicott, em “O Brincar e a Realidade”, compara o relacionamento com um narcisista a um vício. A intermitência de afeto, com momentos de carinho seguidos de frieza e desdém, gera um ciclo de recompensa e punição que nos prende à relação.

O autor ainda fala a respeito da necessidade de uma infância suficientemente boa para a criança e as consequências desse ambiente equilibrado com pais suficientemente bons.

Caso os pais sejam também pessoas opressoras, você pode estar identificando aquela toxidade familiar no relacionamento atual. Afinal de contas, aquilo que foi personificando desde sua primeira infância, faz com que essa experiência seja referência do que é familiar.

O vício emocional pode ser a referência daquilo que acontece como efeito recompensatório ante a experiência tóxica ou até abusiva. Tal como no tempo que você dependia totalmente de outras pessoas, que lhe davam a impressão de ser resiliente ante os abusos e ter a recompensa com migalhas de afeto.

O mais sensato é compreender que essas dinâmicas só possam ser reconhecidas diante um processo terapêutico.

5. O Medo do Abandono:

Karen Horney, em “Psicologia Feminina”, aponta o medo do abandono como um fator crucial na dependência emocional. O narcisista, com suas ameaças de deixar o relacionamento, intensifica esse medo, tornando a ruptura ainda mais difícil.

Qual o resultado do medo do abandono? Solidão.

A solidão é seu processo mais temerário? Será que esse processo não é o medo de ficar sozinho consigo mesmo? A solidão é algo pejorativo, ruim, amedrontador porque traz a sensação de apagamento, falta de pertencimento, falta de perspectiva, falta de relevância.

O medo do abandono pode ser mais nocivo do que, efetivamente, o relacionamento tóxico para determinadas pessoas. Por isso, acredita-se que é mais desesperador não ter ninguém do que ter alguém que se dedica a lhe incomodar.

O problema disso é justamente a solução para algo que está lhe causando sofrimento. Antes só do que mal acompanhado é a premissa de quem entende que é preciso enfrentar a solidão como um processo de amadurecimento.

Amadurecer, portanto, é também compreender que a vida é solitária e está tudo bem. Não consegue viver desta forma? Como fazer para superar essa questão? Terapia.

No livro de Ana Suy, “A gente mira no amor e acerta na solidão” (2022), traz a visão de que a solidão deve ser fortalecida e regada como parte de nossa consciência. Assim, ela traz um fortalecimento ante o aspecto da individualidade. Porque somos seres solitários por natureza. Basta compreender isso.

A sala e a casa toda desarrumada pode acusar uma grande característica da dependência emocional

Quebrando as Correntes:

Libertar-se da dependência emocional de um narcisista é um processo desafiador, mas possível. A psicanálise oferece ferramentas valiosas para essa jornada:

  • Autoconhecimento: Compreender as raízes da dependência e os mecanismos psíquicos que te prendem à relação é o primeiro passo.
  • Terapia com Psicanálise: O acompanhamento de um profissional capacitado te auxiliará a desenvolver ferramentas para lidar com a baixa autoestima, o medo do abandono e as armadilhas da idealização.
  • Rede de Apoio: Buscar o apoio de amigos, familiares ou grupos de apoio pode te fortalecer e te ajudar a lidar com os desafios da ruptura.

Psicanálise: A Chave para a Liberdade:

Veja como não há aqui sugestão de alguma estratégia mágica, mística, fantasiosa, irresponsavelmente miraculosa. As soluções mais sólidas estão calcadas ante uma realidade de amadurecimento e fortalecimento da sua autoestima.

Eu bem que gostaria de apresentar algo pronto, objetivo, eficaz do ponto de vista da necessidade instantânea, mas nada disso é real, plausível diante da complexidade da nossa abstração psíquica.

A psicanálise te convida a explorar as profundezas do seu inconsciente e te oferece a oportunidade de se libertar dos padrões que te aprisionam. Através da análise, você poderá:

  • Desconstruir a idealização do narcisista;
  • Reconstruir sua autoestima;
  • Desenvolver autonomia emocional;
  • Romper com o ciclo de dependência;
  • Construir relações saudáveis.

Dê o primeiro passo em direção à sua liberdade.

Quem é Rafael Cardoso?

Sou psicanalista e o produtor de conteúdo deste blog. A mim, cabe o propósito de trazer esclarecimentos acerca os diversos aspectos objetivos e subjetivos do sofrimento psíquico sob o olhar psicanalítico.

Sim, sou psicanalista “raiz”, ou seja, aquele que acredita somente na terapia como processo terapêutico e entendo que a psicanálise é uma ciência e um método psicanalítico, tal como o código de ética da Associação Brasileira de Psicanálise aponta.

Vale esclarecer que somente uma formação teórica não é o suficiente, pois devemos, eticamente, estabelecer também o compromisso com nossa própria prática psicanalítica, ou seja, o tripé psicanalítico (própria psicanálise, supervisão e ter um analisando em sua clínica).

Vou além desse compromisso ético, pois entendo que ainda precisamos pertencer a um grupo de estudos, um grupo de discussão e almejar contribuir com a teoria psicanalítica em algum aspecto reflexivo próprio ante sua experiência clínica.

Experiente na clínica, entendo que a psicanálise é o exercício e a oportunidade de autoconhecimento. Desta forma, o empoderamento também se faz presente ante a prática. Por isso, mais do que um tratamento, pode também representar amadurecimento. Amo o que faço. Amo ver o fortalecimento dos egos dos quais tenho contato.

Amo incentivar os outros e ver a riqueza da psicanálise como processo reflexivo, filosófico e congruente com nossos valores e virtudes. É incrível ver como sua potência de agir ganha força para compreender a necessidade de tolerar o incômodo da vida.

Viver em congruência com o incômodo de nunca atingir nosso ideal de vida é a grande sacada para ter vontade de viver.

Para requerer acesso a minha agenda de atendimento, clique aqui.

@rafaelcardosopr

O comprometimento é a base de qualquer processo de transformação. 🌱 Na jornada da Psicanálise, isso é especialmente verdadeiro. 🧠 Se perguntar “Por que a terapia não pode ser gratuita?” pode ser um questionamento comum. Mas sejamos francos, comprometer-se financeiramente com a terapia é também comprometer-se emocionalmente com o seu próprio crescimento. 💰💙 Quando você investe em Terapia, está na verdade investindo em você mesmo, dando um sinal para o seu eu interior que está pronto para priorizar sua saúde mental e emocional.🏋️‍♀️🧘‍♀️ Afinal, nada valioso na vida vem sem esforço ou custo, não é mesmo? 🎁 A psicanálise não é diferente. É um compromisso que exige investimento de tempo, energia e recursos financeiros. 💪💼💵 Então, lembre-se: o valor que você paga para o seu psicanalista é o valor que você dá a si mesmo, à sua saúde mental e ao seu futuro. 🌟💖 #terapiadegraca #terapiagratuita #psicanalise #psicanalista #valoresociais #sessaodeterapia #amorproprio #narcisista #narcisistas #narcisismo #rafacardosopr

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Por que a psicanálise não pode ser gratuita?

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